AS CUMADES DO RAP
O RAP É ARMA DE PROTESTO
APRESENTAÇÃO E CONSIDERAÇÕES.
O grupo AS CUMADES DO RAP surge com a pretensão primeira de ser o grupo feminino musical que iria transcrever a situação de mazela e infelicidade das mulheres pobres (lumpesinas), tudo a partir da expressão potente do ritmo e poesia que verte do âmago e se materializa na arte do RAP e, também, lutar ativamente e direcionar com a arte essas cumades da plebe. Suas letras seriam a própria expressão dos sentimentos e estado social que as cumades passam diariamente nas “Celas” escuras da solidão e angustia, em seus barracos amotinados nas favelas espalhadas por todos os lados, alem daquelas que “trampam” o dia inteiro em fábricas, lojas e etc… Para nutrir o sistema capitalista; cantar suas amarguras. Suas desilusões. O estado de miséria em que vivem. Seus “amores cruéis e partidos”. Sua discriminação. Sua beleza tosca fora do padrão. Sua opção sexual não aceita. Sua exploração e sua opressão meio a sociedade do consumo e da produção fetichista, machista e patriarcal.
AS CUMADE SÃO DO MOVIMENTO!
Como tudo que se move, e se movendo acaba por interferir no curso histórico da sociedade, o grupo de rap AS CUMADES DO RAP, por se tratar de um grupo de atuação militante e ideologicamente identificado com as lutas e causa da diversidade sexual, das mulheres lumpesinas e inspirada na luta de classes, rapidamente acende na cena artística do estado do Ceará, assim se tornado uma referencia não somente meio ao hip hop (rap), sim, meio aos artistas e movimentos organizados da sociedade em geral. O grupo passa a se pautar e priorizar sua participação artística, meio aos movimentos de gênero e diversidade sexual, também a realizar suas próprias atividades e mobilização em escolas públicas e fazer formação nas comunidades.
A PRIORIDADE É A LUTA!
As maiores aparições do grupo AS CUMADES DO RAP sempre está relacionadas a lutas sociais: Fórum Cearense de Mulheres, Parada da Diversidade Sexual, dia Internacional da Mulher, encontros interestaduais de mulheres, Grito dos Excluídos, etc. Já nos festivais de rap e shows do gênero que buscam aquecer o potencial mercadológico do hip hop, muito explorado atualmente, a participação do grupo sempre é bem menor, por não ser essa a prioridade. A prioridade DAS CUMADES sempre foi reservada a militância cotidiana nos núcleos de hip hop e atividades do movimento social, assim como formação de novos grupos de rap feminino e condução das mulheres lumpesinas.
SER O PRIMEIRO FOI O DESAFIO
O grupo AS CUMADES DO RAP faz história como o primeiro grupo de rap feminino do estado do Ceará. Até os dias atuais sua trajetória contundente e coerente em relação ao que fala nos shows e o que vive no di-a-dia sagra esse como “uma lenda viva” do rap feminino do Ceará. Sem sombra de dúvida é o grupo de rap feminino de maior expressão do Ceará e um dos maiores do Brasil. A partir do surgimento e atuação em fortaleza do grupo AS CUMADE DO RAP, é que desencadeia felizmente a criação de vários grupos de rap feminino e cresce a participação artística e diretiva no movimento hip hop em geral do estado. O hip hop como todo é muito machificado e nutrido da cultura machista, mas é no rap, em especial, que mais se difunde a cultura machista. Até então não havia grupo de rap feminino no Ceará e a participação de mulheres nos grupos de rap existentes- sempre criados por homens- se resumia a posição secundária nesse universo, tratadas e ou vistas como beque-vocal. É nesse cenário que o grupo AS CUMADES DO RAP nasce, com o desafio de reverter esse quadro e ou incidir para uma maior participação e intervenção autônoma das mulheres meio ao hip hop, principalmente meio ao rap, esse grande instrumento de educação (boa ou ruim).
TRÊS CUMADE “DE ROCHA”
São três cumades: Nega Ana, Bebel e Cumade Kilza. São mulheres “de rocha!” “DE ROCHA” é uma gíria muito usada nas favelas de Fortaleza na década de 80 que, designa algo e ou alguém, forte como pedra, duro (a) de se quebrar; certeza, afirmativo, veraz. Pois é! É assim que podemos vê essas três cumades que forma o grupo AS CUMADES DO RAP, acrescentando a ternura, esse elemento intangível que verte tão bem e abundantemente do ser feminino.
Com todas as dificuldades impostas pelo capitalismo para essas cumades sub-existirem, para essas enfrentar a família e a sociedade conservadora, a dificuldade de ser mãe, de ser mulher meio ao patriarcalismo que rege o mundo e principalmente, de ser pobre; essas guerreiras não se entregam ao encanto do apelo midiático espetacular e nem do mercado fonográfico congênere a esse outro que difunde “músicas fáceis e apelativas”, que decultura e acultura com o tóxico lixo cultural entranhado na sociedade, que replicamos sem perceber. Essas guerreiras cumades fazem o caminho ao inverso e optam por ficar e atuar com aqueles e aquelas que fazem da vida instrumento da causa que emancipará o povo pobre. Os que pregam e lutam resistêntemente e propõe a revolução cultural, comportamental e social rumo uma sociedade livre, diversa e equilibrada com o meio ambiente, gostosa e possível de se viver. Por isso, e muitas outras qualidades e situações, é que NEGA ANA, BEBEL E CUMADE KILZA são mulheres de ROCHA!!! Dura de quebrar.
“arte
Um belo instrumento
Arma
De insurgir
Pra mudar
O que não muda
Por si.”
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As cumades do RAP ao vivo; https://soundcloud.com/sintonia-do-rap-106-3/as-cumades-do-rap-ao-vivo-na